E a Palavra se fez carne e veio morar
entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que recebe do seu Pai como
filho único, cheio de graça e de verdade (cf. Jo 1,14). Desta
palavra nos alimentamos todos os dias e por excelência quando na Santa
Missa com as mesmas palavras de Cristo o sacerdote diz: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós” e ainda “Fazei isto em memória de mim”.
Não é simbolismo é real, Ele está no meio de nós e nós o recebemos como
preço e marca da Nova e eterna Aliança. Jesus Eucarístico é a vida da
Igreja! O Cristo que está vivo e ressuscitado na Eucaristia é o mesmo na Palavra.
Imprimirei a minha lei (Palavra) em seu íntimoDe fato, eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: Na noite em que ia ser entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo entregue por vós. Fazei isto em minha memória”. Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em minha memória”. De fato, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice estareis proclamando a morte do Senhor, até que ele venha (cf. I Cor 11, 23-26).
Nosso Senhor Jesus Cristo, caríssimos, ia
pregando o Evangelho do reino, curando as enfermidades por toda a
Galiléia, e a fama de seus prodígios se espalhava pela Síria inteira.
Grandes multidões, vindas da Judéia, afluíam ao médico celeste. Lenta é
para a ignorância humana a fé em crer no que não vê e esperar o que não
conhece. Foram precisos, a fim de firmar na doutrina divina, os
benefícios corporais e o estímulo dos milagres patentes. Pela
experiência de seu tão benigno poder não duvidariam que sua doutrina
traz a salvação.
Para passar das curas exteriores aos
remédios interiores e depois da cura dos corpos à saúde das almas, o
Senhor separou-se das turbas que o cercavam, subiu à solidão do monte
vizinho. Chamou os apóstolos para formá-los com mais elevadas instruções
do alto da cátedra mística. Pelo próprio lugar e qualidade do ato,
significava ser o mesmo que se dignara outrora falar com Moisés. Lá na
mais apavorante justiça, aqui com a mais divina clemência. Eis que vêm
dias, diz o Senhor, e firmarei com a casa de Israel e a casa de Judá um
pacto novo. Depois daqueles dias, palavras do Senhor porei minhas leis
no seu íntimo e as escreverei em seus corações (cf. Jr 31,31.33; cf. Hb
8,8).
Aquele, pois, que falara a Moisés, falou
aos apóstolos. E nos corações dos discípulos, a mão veloz do Verbo
escrevia os decretos da nova Aliança. Sem nenhuma escuridão de nuvens
envolventes, sem sons terríveis e relâmpagos. Sem estar o povo afastado
do monte pelo terror, mas na límpida tranqüilidade de uma conversa com
os circunstantes atentos, a fim de remover a aspereza da lei pela
brandura da graça e tirar o medo de escravo pelo espírito de adoção.
Qual seja a doutrina de Cristo, suas
santas sentenças o demonstram. Elas dão a conhecer os degraus da
jubilosa ascensão àqueles que desejam chegar à eterna beatitude.
Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o reino dos céus
(Mt 5,3). Seria talvez ambíguo a que pobres se referia a Verdade, se
dissesse: Bem-aventurados os pobres, sem acrescentar nada sobre a
espécie de pobres, parecendo bastar a simples indigência, que tantos
padecem por pesada e dura necessidade, para possuir o reino dos céus.
Dizendo, porém: Bem-aventurados os pobres em espírito, mostra que o
reino dos céus será dado àqueles que mais se recomendam pela humildade
dos corações do que pela falta de riquezas.
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